O estudo feito pela agência 65|10, em parceria com o Facebook, apontou que a publicidade brasileira utiliza 38 estereótipos em suas propagandas. São eles gênero, raça, classe, sexualidade e corpos que o país ainda perpetua hoje em dia em suas peças.
Este relatório foi produzido com o intuito de ajudar o mercado a buscar um meio mais diverso e representativo, no qual todas as pessoas pudessem se identificar nas mais diversas propagandas que vemos diariamente.
A pesquisa intitulada “Dados, diversidade e representação”, conduzida tanto por especialistas da agência, quanto da rede social, envolveu a análise de milhares de peças publicitárias vinculadas na plataforma em toda a América Latina. O resultado ainda traz um dado muito importante, pois, além de alcançar mais de 90% da audiência, as campanhas têm a preocupação livre de bordões ou chavões que possam trazer danos as pessoas que possuem aquele determinado estereótipo, o que fez as vendas dos produtos que possuem essa política aumentar em 9,2%.
E quais são os estereótipos danosos citados nessa pesquisa?
O estudo que apontou que a publicidade brasileira utiliza 38 estereótipos em suas propagandas, porém, mostra que mesmo as histórias únicas contadas em cada peça nem sempre sejam mentiras e que transmitam algo a alguém, algumas dessas peças ainda persistem em manter uma limitação que não cause estranheza em torno de visões raras e até preconceituosas.
O estudo traz que ainda para algumas pessoas, os estereótipos ainda são divididos em 5 categorias:
- Gênero
Algumas peças ainda limitam em mostrar pessoas como masculinas, que necessitam demonstrar a masculinidade da paternidade sem defeitos, que sejam provedores de dinheiro a família e possuam uma virilidade em busca de sexo. E pessoas femininas, que são limitadas a objetificação do corpo perfeito, a sua aparência e representações problemáticas como a de mãe e esposa perfeita.
- Raça
Além dos problemas raciais já conhecidos, eles podem limitar a reflexão de lugar social, ou seja, distinguir de onde cada pessoa vem apenas pela coloração de sua pele. Na publicidade, as representações problemáticas em relação a cor passam por povos como os ameríndios, que mostram a representatividade de pessoas preguiçosas ou muito inocentes, os próprios negros que sempre são mostrados de forma hipersexualizada, raivosa e subalterna e os asiáticos, que são vistos como uma minoria sem qualquer defeito ou padrão modelo, que no caso de mulheres, seriam perfeitas no termo de beleza.
- Orientação sexual
A comunidade LGBT é a que mais sofre, junto com os estereótipos de raça, pois saem dos papeis que lhe foram atribuídos desde a infância, não se desenvolvendo como homens e mulheres no amor. Além disso são hipersexualizados e no caso de pessoas lésbicas, são masculinizadas para se tornar os “homens” das relações. São retratados como afeminados ou como um alívio cômico para ajudar os amigos com conselhos amorosos.
- Corpos dissidentes
É comum que a publicidade tende a excluir todo e qualquer corpo fora dos padrões estéticos de suas propagandas, tentando passar a intenção de que os produtos vendidos trarão a todos esses padrões de beleza. Ainda há outras 4 subcategorias, incluindo pessoas com deficiência e alvos de estereótipo de superação por conseguirem padronizar seus corpos conforme a beleza padrão, pois atacam diretamente pessoas obesas. Além disso, elas são frequentemente alvos de programas que comprovam métodos de emagrecimento e acabam se tornando estereótipos de alívio cômico, virgens ou hiperfemininas.
- Classe
O último grupo é a representação de classe, mostrando as camadas mais pobres da sociedade, reafirmando a hierarquização da população na publicidade brasileira. Um exemplo é a frequência com que membros da chamada classe C aparecem em propagandas nos quais sempre sonham em alcançar o máximo de riqueza possível e o quando desejam comparar seu estilo de vida e visual ao de pessoas da elite.
Para ler o estudo completo da 65|10 em parceria com o Facebook, acesse a página oficial do projeto.